Homens provedores e predadores: A armadilha para comportamentos autodestrutivos

Os padrões sociais existem e tem como função nos impor, através das relações de poder, a encaixar-nos neles. No caso dos homens, o valor da sua masculinidade está, dentre outras, também associado à virilidade laborativa (produtividade, riqueza e status que estes produzem). E esses padrões a que me refiro são (re)produzidos por toda a sociedade, ou seja, por nós mesmos enquanto seres individuais e sociais – logo, também quando pais.

Sobre isso, Baeré e Zanello dizem que o “o sujeito que não esteja adequado aos padrões sociais e às idealizações parentais pode ter autoestima abalada de maneira intensa, podendo propiciar o surgimento de ideações autodestrutivas.” Isso significa que ser respeitado como homem está diretamente relacionado a desempenhar bem o seu papel de provedor, forte e predador e, quando ocorre o contrário, como desemprego e orientação sexual distinta da heteronormatividade, por exemplo, esses podem se tornar fatores de risco à sua saúde mental.

No caso da virilidade laborativa (relativa ao trabalho), em específico, em que o “ser alguém na vida” não está dentro do esperado pela sociedade externa, nem pelos pais (que deveriam ser suporte e fator de proteção), a autoestima é afetada diretamente e a tal ponto que podem desencadear ações de autodano. Você, homem: como se sente com os papéis sociais que lhes são cobrados? Vocês refletem sobre os impactos dessas cobranças na saúde mental? Cuidam de si ou negligencia? Vocês, pais de homens: acolhem seus filhos que não seguem o caminho que vocês planejaram? Como vocês lidam com a sexualidade não-padronizada (que difere da heterossexualidade) dele? Como se comportam frente ao caminho profissional do seu filho quando é diferente do idealizado por vocês?

Este é um post com reflexões inspiradas pelo artigo “Suicídio e Masculinidades: uma análise por meio do gênero e das sexualidades”, de Felipe de Baére e Valeska Zanello, publicado em 2020.